Os causos: uma poética pantaneira

dc.contributor
Universitat Autònoma de Barcelona. Departament d'Humanitats
dc.contributor.author
Pieretti Câmara, Ricardo
dc.date.accessioned
2011-04-12T14:46:47Z
dc.date.available
2007-10-08
dc.date.issued
2007-04-26
dc.date.submitted
2007-10-08
dc.identifier.isbn
9788469067291
dc.identifier.uri
http://www.tdx.cat/TDX-1008107-152044
dc.identifier.uri
http://hdl.handle.net/10803/5293
dc.description.abstract
Causos pantaneiros são as narrativas orais conservadas e transmitidas pelos moradores da maior planície alagável do mundo, situada no Brasil, que tem por nome Pantanal. Essas narrativas são fontes de informação e entretenimento do povo da região.<br/>Para identificar os causos, partimos para seus contadores. O critério escolhido foi a consulta entre moradores das fazendas do Pantanal. Dos proprietários aos os peões, a maioria conhecia alguém que tinha um talento para contar histórias.<br/>Chegamos a dez contadores, todos do sexo masculino, em seis municípios distintos. <br/>Foram ouvidas 161 histórias, que classificamos em quatro grupos: causos de bichos, enigmáticos, de perigo e de exageros.<br/>A temática dos causos está situada no "bio-espaço real" e nas "representações imaginárias" do povo pantaneiro. <br/>Contudo, não podemos aprisionar as narrativas em um ou outro campo. Muitas vezes, o tema pode estar localizado no cotidiano "real" e seu desenvolvimento fazer parte do imaginário.<br/>Os causos de serpente, por exemplo, se realizam no bio-espaço real, representa o perigo cotidiano do encontro com este animal. Mas, as histórias tomam proporções maiores que as experiências vivenciadas e acabam se projetando nas representações imaginárias. <br/>Os causos pantaneiros podem ser caracterizados pelo sentimento que motiva suas ações: o medo. As narrativas constituem-se basicamente na vitória dos peões pantaneiros contra seus adversários naturais, sejam eles as feras, os monstros, a Natureza, o trabalho ou a necessidade. Com estes elementos, o pantaneiro dos causos adquire uma feição de herói.<br/>O heroísmo é uma característica que acompanha as narrativas orais desde muito cedo. Na Idade Média já era comum. O pantaneiro serve-se deste atributo para se colocar em destaque diante de seus companheiros. O contador sempre sai vitorioso no causo. Em ocasião de derrota, os méritos são de um terceiro.<br/>Além do medo e do heroísmo, encontramos alguns elementos mais contundentes para definir o causo. Os principais são a sua relação com a oralidade, em sua expressão, e com a regionalidade, em seu conteúdo. Também é importante o reconhecimento do objeto narrativo denominado causo pela população local.<br/>O causo é uma narrativa curta, aproxima-se do conto e como ele, deve ter suas raízes fincadas na realidade histórica do passado, de acordo com Propp (2002). <br/>Enxergamos o causo como um gênero, tentamos encontrar nele uma poética, de acordo com o termo de Zumthor (2000). Para este fim, reconhecemos nele, as três características propostas pelo próprio Zumthor para esta definição: "textos identificados como tais", "produtores de textos assim reconhecidos" e "público iniciado".<br/>Os causos pantaneiros, assim como o próprio Pantanal, são moventes e dinâmicos, mas há um eixo que os preserva. Estamos falando de sua "forma", segundo o conceito de Zumthor (2000), que lhes dá sustentação. Os causos são: relatos breves, iniciados com fórmulas e apresentados com recursos performáticos (teatralidade).<br/>Também são típicos no causo: o auditório interativo, a importância dos assuntos regionais e cotidianos, além de sua inserção no universo masculino.<br/>A ambientação também é uma característica do causo. Ela o define não geograficamente, mas o projeta como universo mítico. Em outras palavras, o Pantanal recria um universo paralelo ao sertão. A região pantaneira passa a ser garantia de veracidade para acontecimentos suspeitosos. Imagina-se que o ouvinte não questionará algo acontecido em lugar tão misterioso, tão intransponível para a razão humana.<br/>A partir das barreiras estabelecidas pelos narradores pantaneiros, surge dentro deste espaço um lugar livre para a invenção. As crenças ancestrais se somam à inventividade do pantaneiro moderno. Começa haver uma mescla de informações sabidas pela tradição oral vinda dos pais com as informações chegadas da cidade, principalmente através do rádio e da televisão.
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dc.description.abstract
Wetland stories are the oral narratives kept and conveyed by the people from the largest area of swamp in the world, placed in Brazil, and named Pantanal. These narratives are sources of information and entertainment for the local people. <br/>In order to identify the stories, we shall start with the storytellers. The chosen criterion was to consult the people who live in the farms at Pantanal. The majority of these people, either owners or farm workers, used to know someone talented to tell stories.<br/>We were able to interview 10 male storytellers, in six different towns.<br/>We listened to 161 stories, which were sorted into four groups: stories of animals, enigmas, danger, and exaggeration.<br/>The subject matter of these stories is grounded in the wetland people's "real bio-space" and also in their "imaginative representations".<br/>Nevertheless, we can not sort the narratives in this or that field. Sometimes, the subject can be placed in their "actual" daily lives, whereas its progress can be part of their imaginary.<br/>Serpent stories, for example, take place in the actual bio-space, representing their daily danger of facing this amphibious. However, the stories get greater dimensions than the real life experiences and end up reflected in these imaginary representations.<br/>Stories from the wetland may be characterized by the feeling that motivates their actions: fear. The narratives are basically based on wetland farm worker's victory over their natural opponents, either they be beasts, monsters, Nature, work, or necessity. With these elements, the wetland storyteller gains features of a hero.<br/>Heroism is a feature that follows oral narratives from yore. It was already common during the Middle Ages. Wetland people use this characteristic to put themselves in a differentiated position towards their companions. The storyteller will be always the winner in the stories they narrate. Should a defeat occur, merits are dedicated to a third person.<br/>Apart from fear and heroism, it is also possible to find some stronger elements to define what a wetland story is all about. The major arguments are their close relation to speaking as to their expression, as well as to regionalism, as to their content. It is also important to recognize the narrative story known and named as "causo" by local population.<br/>According to Propp (2002), "causo" is a short narrative, similar to a short story and, as such, grounded in the past historical reality.<br/>We understand the causo as a distinct genre, and we try to find poetry in it, according to Zumthor's term (2000). For that purpose, we recognize in it the three characteristics suggested by Zumthor himself when defining this: "texts identified as such", "text producers recognized as such", and "distinct audience".<br/>Wetland stories, as the Pantanal region itself, are moving and dynamic, but there is hub that preserves and sustains them, namely their "form", according to Zumthor (2000). The causos are: brief reports, started with formulas and presented with performing resources (theatricality).<br/>The following also typify a causo: an interactive audience, therelevance of daily life and regional issues, as well as their presence in the male universe.<br/>Environment is also a causo characteristic. Rather than defining it geographically, it projects the causo as a mythic universe. In other words, the wetland recreates an universo parallel to the moor. The wetland region ensures veracity to suspicious happenings. It is supposed that listeners will not question what has happened in such a mysterious place, far beyond where the human reason can reach.<br/>From the borders established by the wetland storytellers rises a place free for invention. Ancestral beliefs are added to the modern wetland-man's inventiveness. There starts to be a miscellany of information that is known from the oral tradition and conveyed by parents with information that comes from the city, mainly through the radio and the television.
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dc.format.mimetype
application/pdf
dc.language.iso
por
dc.publisher
Universitat Autònoma de Barcelona
dc.rights.license
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dc.source
TDX (Tesis Doctorals en Xarxa)
dc.subject
Oralidad
dc.subject
Causos
dc.subject
Poetica
dc.subject.other
Ciències Humanes
dc.title
Os causos: uma poética pantaneira
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info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
dc.type
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.subject.udc
39
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dc.contributor.authoremail
ricardopieretti@hotmail.com
dc.contributor.director
Rossell, Antoni
dc.contributor.codirector
Pires Ferreira, Jerusa
dc.rights.accessLevel
info:eu-repo/semantics/openAccess
dc.identifier.dl
B-30436-2007


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