Universitat Autònoma de Barcelona. Departament de Mitjans, Comunicació i Cultura
Moçambique é habitado por um povo caracterizado pela diversidade etnolinguística como consequência de fatores sociopolíticos e económicos que marcaram a história de África ao longo dos séculos. Antes da presença colonial, as estruturas políticas organizavam-se conforme a dimensão e distribuição dos grupos etnolinguísticos pelas regiões. Contudo, esta realidade foi subjugada pelo processo de colonização. Já, após independência nacional em 1975, a etnicidade impôs desafios à construção e consolidação da nação moçambicana, na perspetiva política traduzida em termos de unidade e identidade nacionais. Ou seja, a integração nacional implicava assegurar que todos os grupos etnolinguísticos se sentissem representados nos processos de governação e valorização das suas tradições. Neste contexto, a viabilidade e eficácia de qualquer sistema político, é determinada, parcialmente, pela atenção dada às questões identitárias. A socialização política com o uso das línguas nacionais, permite que grande parte das populações participe nos processos de governação. Assim, na década de 1990, a Rádio Moçambique, pode ter contribuído na socialização política transmitindo programas de Educação Cívica Eleitoral nas línguas locais. Tese foi elaborada com base no método qualitativo, ou seja, qualitativo. A base teórica consistiu na discussão dos conceitos: identidade étnica, cultura política e socialização política. Moçambique é uma ex-colónia portuguesa situada na África Austral, independente desde 1975. Em resultado da Conferência de Berlim (1884-1885), as atuais fronteiras dos países africanos não obedecem a distribuição dos grupos étnicos de que África dispõe. Este facto, é uma das explicações para presença de vários grupos étnicos num único país e a partilha deles entre países vizinhos. Após a descolonização, instalou-se uma realidade marcada pela pretensão de cada grupo étnico ver-se representado nos processos de governação. Isto tem imposto desafios aos diferentes sistemas políticos que cada país foi adotando e ao processo de construção da nação na perspetiva moderna. Aliás, esses sistemas apresentam-se como tentativa de substituição das formas tradicionais de organização que prevalece entre as sociedades africanas. Portanto, em certa medida, a etnicidade mostra-se como um dos fatores potenciais de conflito. Moçambique conserva características herdadas na Conferência de Berlim e nos movimentos migratórios impulsionados por várias crises a nível da África Austral. Alguns dos grupos 6 étnicos existentes em Moçambique são partilhados com países vizinhos. Esta realidade impos sérios desafios à implementação do marxismo-leninismo e ao processo de democratização, este ultima iniciado na década de 1990. A participação das populações no quadro democrático é condicionada pela socialização política com recurso às línguas locais, considerando que se está perante a implantação de um sistema importado de outros contextos com características diferentes de Moçambique. A Rádio Moçambique enquanto agente de socialização política, mostrou-se relevante no processo de educação cívica do eleitorado. O uso das línguas locais pela RM representa um ato de inclusão do ponto de vista identitário cujo impacto é a mobilização na adesão aos programas de governação. Com efeito, o presente tese procura analisar a forma como a RM assegurou a transmissão de valores políticos aos cidadãos considerando a diversidade etnolinguística. Nisso, assumimos como indicadores, o sentimento de inclusão (representação) e a participação política (adesão ao processo eleitoral). A análise do tema insere-se no quadro da introdução da democracia no país marcado pela aprovação da Constituição de 1990 no âmbito da qual foram aprovadas as leis de imprensa, eleitoral e realizadas as primeiras e segundas eleições gerais.
Mozambique is inhabited by a people characterized by ethnolinguistic diversity as a consequence of socio-political and economic factors that have marked the history of Africa over the centuries. Prior to the colonial presence, political structures were organized according to the size and distribution of ethnolinguistic groups across regions. However, this reality was subdued by the colonization process. Already, after national independence in 1975, ethnicity posed challenges to the construction and consolidation of the Mozambican nation, in the political perspective translated into terms of national unity and identity. In other words, national integration meant ensuring that all ethnolinguistic groups felt represented in the processes of governance and appreciation of their traditions. In this context, the viability and effectiveness of any political system is partly determined by the focus on identity issues. Political socialization through the use of national languages allows most populations to participate in governance processes. Thus, in the 1990s, Radio Mozambique may have contributed to political socialization by broadcasting Electoral Civic Education programs in local languages. Thesis was elaborated based on the qualitative method, that is, qualitative. The theoretical basis consisted of the discussion of the concepts: ethnic identity, political culture and political socialization. Mozambique is a former Portuguese colony based in southern Africa, independent since 1975. As a result of the Berlin Conference (1884-1885), the current borders of African countries do not obey the distribution of ethnic groups that Africa has. This is one of the explanations for the presence of several ethnic groups in a single country and their sharing among neighboring countries. After decolonization, a reality was established marked by the claim of each ethnic group to be represented in the processes of governance. This has posed challenges to the different political systems that each country has been adopting and to the nation-building process from a modern perspective. In fact, these systems are presented as an attempt to replace the traditional forms of organization that prevail among African societies. Therefore, to some extent, ethnicity proves to be one of the potential factors of conflict. Mozambique retains features inherited from the Berlin Conference and migratory movements driven by various crises in southern Africa. Some of the existing ethnic groups in Mozambique 8 are shared with neighboring countries. This reality poses serious challenges to the implementation of Marxism-Leninism and to the process of democratization, which began in the 1990s. The participation of the population in the democratic framework is conditioned by political socialization using local languages, considering that it is facing the implementation imported from other contexts with characteristics different from Mozambique. Radio Mozambique as an agent of political socialization proved relevant in the process of civic education of the electorate. The use of local languages by RM represents an act of inclusion from the point of view of identity whose impact is mobilization in adherence to governance programs. Indeed, the present thesis seeks to analyze how RM has ensured the transmission of political values to citizens considering ethnolinguistic diversity. In this, we assume as indicators the feeling of inclusion (representation) and political participation (adherence to the electoral process). The analysis of the theme is part of the introduction of democracy in the country marked by the approval of the 1990 Constitution, under which the press, electoral laws were approved and the first and second general elections were held.
Radio; Cultura; Politica
070 - Periódicos. Prensa. Periodismo. Ciencias de la información
Ciències Socials